"Eu só quero respirar!" - gritou na chuva, enquanto dava passos pequenos e desajeitados. Balançou a cabeça, comprimiu os olhos. Lágrimas misturaram-se às gotas do céu.
O sonho de caminhar de noite para ver a lua...
O sonho de conhecer o mundo...
Talvez seu anjo da guarda tenha chegado para realizar os sonhos de criança que foram trancados à sete chaves.
Com suas grandes asas invisíveis.
Com seu sorriso bobo.
...
Ela sorriu ao vê-lo. Correu o mais rápido que pôde para seus braços, enquanto a chuva se intensificava. O medo se foi. Seu coração palpitou e depois quis sair boca afora. As lágrimas cessaram. As grades de ferro cederam e os muros imaginários vieram abaixo.
Ele sorriu desajeitado e observou-a atentamente, fazendo-a se sentir com dez anos de idade novamente. Ela esboçou um sorriso gigante.
O mundo parou de girar.
A chuva decidiu não mais cair.
A rua deserta tornou-se uma fotografia antiga.
"Congele o tempo, por favor!"
Então tudo se resumiu àquele momento. A rua, o fim de tarde... E não mais que de repente, o mundo que se resumira àquele momento voltou a ser maior do que os dois jamais puderam imaginr. Duas silhuetas caminhavam de mãos dadas e com um par de sorrisos bobos rumo ao pôr-do-sol.
... Ela não sabia, mas suas asas invisíveis começariam a crescer, enquanto ele, apenas sempre soubera que seria assim.