sexta-feira, 30 de setembro de 2011

' Bis




Vivendo a guerra diária.
A cidade está um caos.
Você olhou pela janela ?
Acordei hoje pela manhã e aquele lugar se fez vivo.
A claridade, as paredes, as coisas penduradas, os colchões, as pessoas, a fumaça.
Aconchegante. Enlouquecedor. Privativo. Insano. Intrigante...
Vejo outras cenas com olhos que não são meus...

"Até quando você vai levando porrada porrada,
Até quando vai ser saco de pancada?"

Começo a prestar mais atenção nas sutilezas?
Nunca sei qual é a medida que beira a insanidade.
Também não sei de onde o tiro vem.
Mas continuo seguindo, com passos tortos, medrosos e esperançosos,
a rotina de todo dia, a rotina do dia-a-dia,
das opressões, repressões, impressões.
A lógica é não ter sentido, eu sei.
Mas não me convenço,
com as minhas e tampouco com as suas verdades.
Eu só suspiro, então,
e sigo fingindo que é melhor se eu não analisar tudo.
Vou adiar só mais um dia
a minha vida.
Só mais um cigarro... e alguma coisa muda.
[Eu sei]

sábado, 24 de setembro de 2011

' De onde vem o tiro?

Talvez eu transforme sempre as coisas a minha volta em dilemas. Fato é que vivo sempre entre eles. Não é questão de orgulhar-se ou não, que fique claro. Mas sou mesmo dessas metamorforses ambulantes. Mas isso é terrivelmente irritante - apesar de ter um lado que é mesmo aliviador. Constantemente eu crio ilusões que ainda nem sei se vão mesmo se sustentar ou me sustentar e fico pulando de ideia em ideia, querendo fazer de tudo um pouco, pra não trair minha própria cobrança de não-inércia. Mas tem sido uma fase bem revoltante, além das decisões... Quando eu tinha dez anos tudo parecia mais fácil. Parecia mesmo que o mundo conspirava para que as pessoas fossem felizes. Os policiais pareciam gente boa, pronta pra dar segurança. E aquele monte de tiro vinha só da televisão. Eu nem entendia o jornal ainda... Eu só reproduzia nas minhas brincadeiras um pouco da sociedade que me cercava - que aos poucos fui descobrindo: não queria reproduzir aquilo na realidade. São mais do que conceitos que um monte de barbudos senis constatou. Trata-se de uma revolta que eu sei que muitos já tiveram antes e ainda terão. E no meio disso eu vou remontando um passado que foi sempre de dor para 'eles' e que até então julgo muita tranquilo pra mim. Mas me deu uma vontade louca de colocar o pé na rua. De reconstruir esses passados... De falar alguma coisa pra alguém. E tem um monte de frases prontas passando pela minha cabeça, constantemente. Em meio a isso, eu suspiro frustrada quase que toda hora. E tenho começado a clamar por um amor que vai além daquele de contos de fada... Tenho me cobrado excessivamente para mudar um pouco meu próprio pensamento e principalmente tomar cuidado com cada discurso que pode, superficialmente, parecer inocente. Também tenho aceitado todos os braços dispostos a abraçar e não tenho economizado em sorrisos e palavras que antes eu pensava que não teria coragem de pronunciar diante dos fatos alheios... Também sinto uma vontade enorme, às vezes, de parar de segurar as mentiras desde os tragos até as fumaças mais espessas... De parar de me calar tanto e começar a aceitar desafios que eu, há tempos, desconfiava serem meus. De verdade, eu queria resgatar uma história que fizesse mais sentido pra poder reproduzir no futuro (que eu sei, começou ontem já) uma coisa mais sólida e que fizesse mais sentido, para o maior número de pessoas - e não o contrário. Essa esperança, que eu sei que herdei de alguém que nem conheço, que é de um histórico social tão antigo, que eu quero manter...

"a esperança...
dança na corda bamba
de sombrinha
e em cada passo
dessa linha
pode se machucar..."

domingo, 18 de setembro de 2011

'Daqueles sem título.

Não sei exatamente sobre o que falar. Desabafo. Gostaria que as pessoas tivessem mais liberdade para esse "não saber". É que sempre se cobra. Que se saiba se é direita ou esquerda. Se vai chover ou fazer sol. Se foi justo, injusto, visto, não lido, entendido, sincero, vomitado. Cabe um enorme suspiro aqui. Palavras que saem de dedos de esmalte úmido e de cabeça cheia. Mas - e lá vou eu mudando o discurso - há uma palpitação alegre hoje. Um pouco daquela velha esperança atrelada a vontade... Aos poucos, passo a passo, eu rumo para algum futuro às vezes certo, às vezes incerto. É sempre no domingo que me vêm essas constatações... Quando me sinto terrivelmente sozinha, prestes a cair de novo por algum precipício. Mas voltando um pouco ao "discurso" - é disso que tenho medo. Esse cobrar e a minha defesa são contraditórios... Ok, não vou me alongar... Fato é que finalmente descobri: quanto mais minha boca se cala, mais minha alma quer gritar!