quinta-feira, 9 de junho de 2011

Marionete. Bolha.

Tenho vivido dias de extrema ansiedade e euforia. Dias que passam mais rápido que um estalar de dedos e consequentemente transformam minhas semanas em objetos extremamente efêmeros. Juntando isso a uma série de outros fatores, tenho me sentido um tanto revoltada. Claro que o meio tem me instigado a tal. Porém, essa rebeldia tem sido tão intensa que tem me irritado... Também deixou de ser apenas revolta e tomou um caráter quase paranóico. No geral, o conjunto me fazer refletir e temer a marionete que eu sou. - Sim, me dei conta de que sou! Marionete essa que isola-se dentro de uma bolha... É bem simples constituir uma bolha, afinal. Um indivíduo reúne todos seus ideais, aspirações e as verdades que julga absolutas e ignora o restante do mundo. Isola-se na bolha e não dá espaço para que o mundo o conheça e vice-versa. - Parece aconchegante... - No entanto, alguns indivíduos não possuem esse tipo de definição. Não há uma bolha sólida na qual se resguardem. E é aí que entra o processo de marionetismo. As cordas invisíveis podem guiá-lo de tal forma que ele acabe por definir uma bolha consistente a partir dos meios em que se convive. As paredes ficam cada vez mais resistentes e quando menos se espera o controle está presente, sutilmente ou mesmo invisivelmente...
Daí que eu tenho medo de ser o primeiro indivíduo e tenho igual medo de ser como o segundo! Não gosto da ideia de ser controlada! Pior que isso odiei a ideia de descobrir que sou manipulada exatamente por não saber como lutar contra isso... Talvez eu acabe acomodada numa bolha extremamente sólida. Muito provavelmente essa bolha será uma concepção que não depende de mim. Será uma concepção de uma maldita mão invisível que vai me colocar lá dentro e me trancar, sem que eu mesma perceba.
...
*respiração ofegante*
*receio*
*anseio*
*euforia*
*medo*
*pânico*
*reticência*

- É mais forte do que eu?

segunda-feira, 6 de junho de 2011

' Pra desabafar

(o5/o6/2011)

Me sinto pesada.
Com um peso que definitivamente
e infelizmente é meu...
(queria que não fosse)
Me sinto angustiada.
Com uma angústia que deveria ser sua...
Eu fiz tanto mal pra mim
enquanto te dava amor.
Eu esperei tanto que você tivesse um pouco
da minha intensidade.
No entanto, o que fiz foi
me iludir com uma sintonia que não existiu.
Eu lutei por você. Eu tentei te entender.
Me martirizei, pensando inocentemente que amar era sofrer...
Perturbei meu sono, chorei em vão... Tudo
pra tentar encontrar uma lógica no seu suposto amor.
Mas esse seu amor me maltratou.
Seu cenário sujo me iludiu.
E construi uma vida de sonhos vazios.
Você me passou sua depressão, a sua culpa e a sua insegurança.
Se fechou, me fechou longe. Sempre longe de você.
Me reduzi a nada.
Não conseguia "me" ser ao seu lado.
Porque me ser parecia
inútil.
Eu não era nada pra você?
Por que seu amor me maltratou?
Egoísta filho da puta...
Me sinto ridícula por cada gota, cada desculpa que disse, cada volta que aceitei.
Desde o primeiro buquê de rosas depois do
telefonema no qual você me destratou,
estávamos fadados ao fracasso.
Eu me fiz uma casca vazia
para preencher seu vazio.
Tentei aliviar a sua dor
colocando meu peso só nas minhas costas.
Eu tolerei gestos e palavras suas. Fui tolerante.
Vivi esperando pelo dia em que você perceberia
o quanto me fazia mal. O dia em que perceberia
o quão covarde você é.
Quando me pediria desculpas sinceras.
E eu esperei inocentemente
por gestos, palavras, cartas, perdões, olhares...
que nunca viriam.
Eu amava a ideia de te amar.
Amava minhas ilusões todas de que um dia seríamos perfeitos um pro outro.
Você dizia que eu guardo mágoas. Talvez eu guarde mesmo.
Porque me lembro de cada vez
que você me fez chorar. De cada dia que esperei
por seus braços, por seus olhos apaixonados, por seu carinho.
Mas você só enxergava seu interior. E as suas
necessidades, seus medos, vontades... Eu era sua
conquista, a sua mulher, que você amava
do seu jeito frio.
Eu era a realização dos seus favores,
quem ouvia seus sonhos, quem te segurava
a mão... E quando eu pedia um instante,
uma frase ou um favor
só pra mim,
você negava.
Adiava, esquecia, não
queria, não gostava,
não podia, não tinha,
não dava,
não existia.
Eu não existia!
O amor é fogo que arde sem se ver. E não é egoísta.
Mas é um contentamento descontente.
Nunca havia nada de errado conosco. Eu que era imatura e sensível.
Meus gostos?
Os piores.
Meus anseios?
Indiferentes.
Tudo te irritava.
Minhas roupas eram feias,
os sapatos nunca combinavam.
Nada nunca estava bom.
O céu sempre estava cinza.
Sempre ia chover...
O ônibus cheio demais.
A cidade um caos.
O shopping tedioso.
Você mais falava do que fazia.
Mais reclamava
do que vivia.
Você adiou todos os nossos meses juntos.
Desmarcou o possível e o impossível.
Se atrasou todas as vezes.
Deixou inúmeras cadeiras
vazias, saiu pela porta dos fundos,
ignorou a minha vida.
Destruiu muitos dos meus sonhos
com palavras amargas.
Me implorou diversas vezes,
várias coisas...
Os domingos foram solitários. Até o sexo
era escasso.
A culpa é toda minha.
Da minha inocência,
da minha paciência.
Do meu amor,
da minha intensidade,
da minha dor.
Me sinto estúpida, eu sinto muito...
Tinha que expulsar esse amargor.
Eu sei que tenho muito a fazer ainda.
Meu amor é grande!
Mas a sua depressão e o seu vazio não
vão me impedir de continuar.
Eu acredito em mim, e na minha felicidade.
(De verdade, eu quero que você se foda!)


- All you need is love. Love, love, love... Love is all you need!

Eu fui até o meu limite,
tenho certeza.
Eu dei tudo de mim pra você, amor.
Infelizmente você não percebeu.
Sinto muito por você...

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Naquela época eu tinha outros sonhos, outras realidades, outras dores, outros amores. Naquela época eu era como uma criança. Naquela época eu era Natana Boletini. Não usava palavrões, não questionava tanto. Não tinha cicatriz, não tinha cigarro, não tinha gosto amargo, não tinha bebida. Sempre houve intensidade. Sempre houve nostalgia, sinestesia, drama, riso, detalhe... Afinal, fui eu quem sempre esteve comigo. O tempo todo. Até nos momentos mais angustiantes. Eu não era assim, o que sou hoje. Eu fui diferente de mim e ainda me era. Eu me tive em meus braços, escorreguei comigo para abismos que pareceram-me obscuros demais e depois contemplei minha pele pálida num espelho torto. Eu me vi, me reconheci. E me desnudei diversas vezes à procura de um tapa mais forte. Sempre teve muito impulso, muita revolta, muito grito contido na garganta e muitas noites sem dormir com medo do que pode ser o amanhã. Teve salto alto e revolução do batom. Teve transe, euforia, amor, alegria, ódio e muita dor. Eu abandonei o meu curinga. E hoje, o que na verdade sei, é que a portinha da gaiola sempre esteve aberta. Eu é que não fugi. Eu encontrei pessoas pelo caminho que me disseram que caminho devia seguir, mas eu as ignorei. Eu cheguei à várias bifurcações... Enlouqueci diantes delas e depois respirei. Me sinto reconectada e ao mesmo tempo desconectada do passado. Tenho saudade de muita coisa... Ma absolutamente tudo que vivi e como vivi me guiaram até este momento. Eu e eu. Duas metades que sempre estiveram e sempre estarão juntas. Eu sou completa, afinal! O mundo que me mentiu...