domingo, 24 de outubro de 2010

Eu tinha sonhos.
Andava descalça e não tinha medo de correr e mergulhar no mar.
Meus sonhos eram os mais coloridos, os mais possíveis, felizes e melhores do que qualquer um poderia ter.
Tinha máscaras, felizes e tristes; tinha fortalezas que me cercavam.
Achava que ninguém poderia destruir aqueles sonhos.
Até que eu encontrei estes sapatos vermelhos.
Eu parei por um momento, os calcei, e caminhei com eles.
Fui eu que destruí os meus sonhos.
Coloquei o castelo encantado abaixo, abri os olhos e encarei a realidade.
"Realidade? Que realidade você acha que encontrou?" - era uma voz conhecida, mas que eu odiava ouvir.
A realidade, oras. Muitas coisas perderam o sentido...
"E por que elas tinham sentido antes?" - aquele tom sarcástico fazia minhas entranhas remoerem-se de raiva.
Porque eu era uma menina tola!
"Não se acha mais tola? Por acaso é dona da verdade absoluta?" - o sorriso cínico me fazia querer arrancá-lo com as unhas.
...
"Me diga, qual é essa realidade grandiosa que enxergaste!" - começou a rir, bem baixinho, sem perder o sorriso malicioso.
...
"Por que faltam as palavras, se é tão sábia garota?" - aumentou a risada gradualmente.
...
"A realidade não passa de ilusão. As ilusões são criadas por você. Então escolha, qual realidade você quer viver..."
- e começou a gargalhar num tom estridente que irritava meus ouvidos.

CHEGA!
Vou tirar esses sapatos...


quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Eu disse, nossa vida é como uma comédia romântica
- tanto por mim, quanto por você.
Somos desajeitados, amor.
Somos tolos e frios.
E quando tentamos inovar, metemos os pés pelas mãos.
Somos duas crianças a correr sem medo do perigo, por um caminho incerto.
Às vezes sorrimos à toa e brindamos sonhos em comum,
mas às vezes viramos a cara por desejos inúteis e sem sentido.
Tudo dá errado quando queremos ter o momento perfeito.
Mas às vezes as palavras acabam por cortar o momento correto e tudo dá certo, enfim.
Mesmo meio bêbados, meio carentes e orgulhosos e tropeçando nos próprios erros imaturos, nós nos damos bem.
Acho que é isso.
Acho que dá certo, apesar de todos os nossos poréns de pessoas extremamente complicadas.
aiai...

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

hah

Eu, na minha jovial revolta, nunca me imaginei nessa situação. Inocentemente pensava que não iria me apegar nunca a ninguém. E eu iria morar sozinha, ser independente, ter um emprego legal e morrer com a minha solidão me afrontando diariamente. Na melhor das hipóteses dividiria um apartamento com alguns amigos e teria um cachorro Labrador... Andei revendo meus conceitos, mordi um pouco a língua e me conformei que no fim as pessoas são iguais e fazem as coisas do mesmo jeito. Não tem como fugir muito disso... Quero fazer bolos pro café da tarde, arrumar a casa do meu jeito, apertar nossas roupas na máquina de costura, beber até de madrugada, andar de lingerie pela casa, colocar camisetonas punk durante a gestação e roubar o assento das pessoas no ônibus. Quero idolatrar os meus filhos, levá-los pro parque nos finais de semana, fazer uma massinha gosmenta e caseira com farinha de trigo - igual a que eu fazia quando pequena. Quero fazer essas coisas que as esposas e as mães fazem, porque de repente isso me parece muito legal! Então, vamos lá meu amor, vamos brindar à vida - à nossa vida - e vamos fazer essas coisas tão necessárias. Vamos ter um casamento legal, uma casinha bacana e criar nossos cinco filhos com as quipás coloridas que eu vou costurar!

E sim, eu te amo demais!